sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Belo texto


por Renato Medeiros – Era um Rei, sem dúvidas. Só um Rei consegue mobilizar seus súditos de forma tão intensa na hora da morte como Michael Jackson fez na tarde do dia 25 de junho de 2009. Foi polêmico até o fim: durante algumas horas deixou o planeta inteiro intrigado com a incerteza de sua morte. Um Rei sem herdeiros, pois dificilmente haverá outra estrela que brilhe da mesma forma que Michael Jackson brilhou.
Já escrevi sobre ele aqui no Amálgama, texto que inclusive provocou e ainda provoca repercussão considerável entre os fãs do cantor que visitam o blog. Mas desta vez estou escrevendo com a cabeça e com o coração. Primeiro, em um tom quase acadêmico; depois, em um tom passional.

Quero adiantar, porém, que não me arrependo de nenhuma das palavras que escrevi anteriormente. Ainda acho que Jackson era um museu vivo, que não conseguiria trazer nada de novo ao mundo da música e, afinal, ele nem precisava. No fundo, eu é que tinha o desejo de vê-lo novamente no topo, revolucionando mais uma vez, com clipes e músicas que ajudariam a redefinir o cenário pop da próxima geração. Porém, fiquei apenas na vontade. Afinal, ele se foi e aquele último disco prometido nunca veio.

O dia da morte de Michael Jackson poderá ser lembrado também como o dia em que a cultura midiática deu mais um exemplo de sua força. A morte do cantor foi acompanhada pelo planeta inteiro, quase que simultaneamente. Mas não é de se estranhar; afinal, Michael foi ou é o Rei dessa cultura, ou melhor, da cultura pop. Sua atuação foi indispensável para a criação do modelo de cantor(a) pop que é mantido até hoje. Foi ele que popularizou o videoclipe e o elevou ao posto de obra de arte distinta, tirando a antiga concepção de mera peça visual para a ilustração de músicas. Graças a ele, hoje o videoclipe é fundamental na carreira de artistas da música.

Jackson criou passos de dança que são imitados até hoje e também empreendeu turnês caríssimas que eram verdadeiros espetáculos, com muita dança e grandes produções em cenários, figurinos e bailarinos. Esse modelo de show tornou-se comum e ainda é seguido por artistas como Madonna, Britney Spears, Justin Timberlake e Kylie Minogue.

Mas não foi só na música e na dança que Michael Jackson deixou suas marcas. Ele foi responsável por definir como o ocidente passou a enxergar a cultura pop no final do século XX. Artistas do mundo pop atual como as boy bands e girl bands da década de 1990 – Beyoncé, Britney Spears, Ne-Yo, Christina Aguilera, Justin Timberlake, Rihanna, Lady GaGa, Usher – são frutos das figuras de Michael Jackson e Madonna. Ou seja, até hoje o mundo canta e dança a música que Jackson compôs há quase 30 anos. Mas esses artistas citados são apenas similares, pois como falei, Jackson não deixa herdeiros. Foi único e vai continuar assim. Não há novo Rei do Pop.

Esse é um registro de quem estuda os fenômenos da mídia diariamente e sabe reconhecer que o cantor foi um cometa que passou pela Terra. Há artistas que são vítimas das mídias; Michael, eu diria que recriou a mídia à sua imagem, ainda que na vida particular tenha sido alvo constante dela, principalmente nos últimos anos.

Michael Jackson para mim, e agora falo com o coração, era mais do que um cantor ou fenômeno pop. Ele é um dos pilares da minha bagagem cultural. Desde o ano 2000, quando tinha 12 anos, acompanho sua carreira e até hoje suas músicas me parecem atuais, mesmo as mais antigas. São obras atemporais de um artista que não deve nada a um Beethoven ou a um Picasso. Ele pode não ter sido um compositor erudito, foi sim um dos produtos mais rentáveis da indústria cultural, mas nem por isso deixou de ser um gênio. Excêntrico e espetacular como muitos outros do passado.

Pode até parecer que a estrela se apagou ou que os beats de Jackson pararam de tocar, mas é mero engano. Sua música, sua dança, sua voz peculiar continuará sendo emitida pelas mídias que o construíram e que ele próprio ajudou a redefinir: discos de vinil, CDs, fitas cassete, videoclipes, DVDs, livros, documentários, Mp3s, fotografias, filmes…

Fica aqui a minha homenagem. Obrigado por me ajudar a ser o que sou.

http://www.amalgama.blog.br/06/2009/michael-jackson-a-estrela-se-apagou-o-beat-silenciou/

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