terça-feira, 3 de abril de 2012

Trecho da entrevista que Michael Jackson concedeu a Adrian Grant, publicada no livro "Making HIStory", lançado em 1998.



Adrian Grant:
Você viajou para vários países em todo o mundo. Você pode me falar sobre a 
sua admiração pelo Brasil, e a experiência que você teve ao filmar o 
vídeo "They Don't Care About Us" lá?


Michael Jackson:
Eu amo o povo brasileiro, eu sinto por eles do mesmo jeito que eu sinto 
por indianos e africanos. Há muita pobreza no Brasil, e eu lembro da 
primeira vez que eu fui lá, eu senti como se meu coração se partisse. 
Aliás, tem um pedaço do meu coração em diferentes países do mundo pelos 
quais eu passo...e eu tenho muito amor por aquele povo. Você já esteve 
no Brasil?


Adrian Grant:
Não, nunca, mas espero ir um dia, especialmente para o carnaval!


Michael Jackson: 
É
maravilhoso, as pessoas são tão gentis, e elas ficaram tão felizes em 
me ver. Sabe, eles estavam tomados por uma euforia, e eu estava feliz 
por estar lá por eles. Eu queria poder fazer mais - me sinto mal por não
fazer o suficiente, realmente me sinto.


Adrian Grant:
Por que você escolheu Spike Lee para dirigir o vídeo?


Michael Jackson:
"They Don't Care About Us" tem um tema polêmico, e Spike Lee me chamou 
atenção. É uma música de conscientização do público, é sobre isso. É uma
música de protesto, não racista. É anti-racista e eu achei que ele 
seria perfeito para dirigi-lo.


Adrian Grant:
Você escreveu uma canção chamada "Money". Tendo sido milionário desde que você era menino, quão importante foi o dinheiro para você?


Michael Jackson:
Eu acho que [o dinheiro] realiza coisas para você...sonhos que precisam de um fundo financeiro. Entretanto eu penso que que tudo começa com um pensamento, como quando você planta uma semente que germina por si mesma, tudo vem disso. Eu nunca pensava sobre isso quando era pequeno, sempre me senti compelido a fazer as coisas que eu fiz.


Adrian Grant:
Você não acha difícil se relacionar com as necessidades, como a dor, o 
sofrimento, quando você aparentemente tem tudo o que você deseja?


Michael Jackson:
Não,de jeito nenhum. Viajando pelo mundo, eu me sinto tocado e comovido por tudo o que acontece, especialmente com as crianças. Isso me deixa emocionalmente doente, e eu sinto muita dor quando vejo esse tipo de coisa. Não posso fingir como se não visse. Isso me afeta muito. Por alguma razão há uma certa parte em todo show que eu faço em que eu me sinto muito mal e nesse momento eu tenho um pensamento - acho que sobre o sofrimento das crianças e ele me pega toda hora. Não sei porque naquele momento, é durante "I'll Be There". Os pensamentos vêm e eu tenho que 
fazer força para me conter.


Adrian Grant:
Qual é sua música favorita no HIStory e porquê?


Michael Jackson:
Minhas canções favoritas são "Earth Song", "Childhood" e "You Are Not Alone" porque eu gosto de canções com emoção e uma mensagem, e um ar de imortalidade. Eu gosto que haja uma profundidade na letra e também uma simplicidade melódica para que o mundo inteiro possa cantá-las. Foi essemeu objetivo nessas músicas e eu acho que cheguei bem perto. Em qualquer lugar que levamos a turnê, as pessoas adoravam essas músicas, e eu fiquei muito contente por tê-las feito.


Adrian Grant: 
Você diria que há uma tema constante presente em todo o álbum HIStory?


Michael Jackson: 
É sobre pessoas olhando para suas vidas e tomando cada segundo para fazer alguma coisa para você - criando um legado para que você possa olhar para trás e ver o que você já fez. Sempre quis isso, é por isso que 
gosto de trabalhar muito.


Adrian Grant:
Como surgiu a colaboração de R. Kelly com "You Are Not Alone" ?


Michael Jackson: 
R. Kelly me mandou uma fita com a música e eu gostei do que ouvi. Não 
havia a harmonia e nem modulações então eu disse que ele tinha escrito uma ótima letra e perguntei se ele não se importava se eu fizesse a música como eu achava que deveria ser. Ele disse, "Claro", então eu fui e produzi, coloquei um coro no final e assim a canção ficou com uma estrutura e com um clímax.


Adrian Grant:
Por que você incluiu sua versão da música "Come Together" dos Beatles no álbum HIStory?


Michael Jackson: 
Certa vez o meu engenheiro de som estava ouvindo essa música e eu disse "Uau!
Essa é minha música preferida dos Beatles." Então eu fui e comecei a 
cantá-la. Nós a mantivemos meio "funky"...foi espontâneo, mas eu sabia 
que eu queria fazer alguma coisa com ela.


Adrian Grant:
Você bateu vários recordes durante a bem sucedida turnê HIStory. É difícil se motivar a cada show, após 30 anos de apresentações?


Michael Jackson: 
Eu normalmente vou para o show não sentindo como se eu quisesse fazê-lo para ficar sobrecarregado de trabalho, mas sim porque quando chego lá eu sinto o espírito de toda a platéia antes mesmo de pisar no palco. Então a mágica acontece - não importa como você se sente, mesmo doente e cansado - de repente você sai e faz. A energia não vem de lugar nenhum, é como Deus te abençoando.


Adrian Grant:
Que satisfação pessoal você obtém de uma turnê?


Michael Jackson: 
Ver todas as raças unidas, o que eu adoro. Todas as cores na platéia 
gostando umas das outras, se dando bem e curtindo a música - uma união!


Adrian Grant:
Você diria que sua música é agora escrita de um ponto de vista mais pessoal, comparada com o puro "disco" de seu material mais antigo?


Michael Jackson: 
Eu nunca categorizo a música porque eu nunca sento e digo "vou escrever uma canção disco, ou pop ou rock ou..." Eu escrevo de acordo com a emoção, de acordo com o que eu estou passando no momento, eu tenho "um estalo", seja lá qual for o momento, seja lá qual for a emoção. Eu crio disso e quase me sinto com a consciência pesada em pôr o meu nome nas músicas que escrevo porque elas vêm de outra fonte. Sou apenas um funil por onde elas passam, realmente acho isso. Elas vêm de cima. Elas me escolhem e não eu que as escolho.


Adrian Grant:
"Blood On The Dance Floor" é um título que chama muita atenção. A música é sobre a AIDS ?


Michael Jackson: 
Não, não é mesmo. Na verdade, não fui eu que criei o título, meu engenheiro Teddy Riley pensou nesse título, que eu achei legal, então eu escrevi a canção a partir do título. E então eu cometi um erro, pedi desculpas, mas não mostraram na TV. Quando eu estava na Inglaterra - eu me escondi na Inglaterra por um período, e Elton John me deixou usar sua casa. Ele foi tão doce e gentil comigo, e acho que nunca agradeci a ele. Então eu resolvi dedicar uma música a ele, e a música era "Blood On The Dance Floor". Mas depois que foi lançado, eu disse "Por que eu fui dedicar logo essa música, poderia ter sido 'You Are Not Alone' etc". Então eu sempre achei que deveria me desculpar com ele - foi só por ele ter sido legal comigo. Ele é uma pessoa maravilhosa.


Adrian Grant:
Você sente uma ligação entre a saudosa Princesa Diana e muitas das suas canções em HIStory que falam sobre seu tormento pessoal e a perseguição dos outros?


Michael Jackson: 
Sim, muito. 
Acho que eu entendia ela. Nos momentos íntimos e pessoais que tivemos, nós conversamos sobre isso. Eu acho trágico, uma perda trágica. Eu acho que pessoas como eu e outros artistas deveriam levar adiante sua missão -é o que eu faço, estou disposto a fazer. Ela era brilhante.


Adrian Grant:
Você acha que a sua música "Tabloid Junkie" enfatiza todas as circunstâncias trágicas nas quais a Princesa Diana morreu?


Michael Jackson: 
Sim, os tablóides são um monte de lixo. Eu acho que deveria haver um jeito de acabar com eles. Deveríamos criar uma grande fogueira, como em estádios pelo mundo - e queimar tudo! Você lembra como faziam com discos, só criar uma fogueira para lembrar às pessoas. É uma intrusão. É uma coisa horrível. Eles te perseguem, é terrível. Eles nunca pensam sobre como a pessoa se sente a respeito do que eles escrevem sobre ela.


Adrian Grant:
Como surgiu a idéia do curta-metragem "Ghosts" ?


Michael Jackson: 
Começou com a Família Addams, eles queriam uma canção-tema (Is It Scary) para o filme deles e eu não queria fazer. Então no fim, eles excluiram. Eu acabei fazendo um curta. Eu adoro filmes, e é por isso que minha próxima missão é fazer filmes. É esse que eu quero que seja o próximo capítulo da minha vida - filmes e álbuns. Não há outro caminho. Vou fazer filmes e dirigir. Quero dirigir eu mesmo, porque gosto muito disso.


Adrian Grant:
Em que tipo de filmes você se vê?


Michael Jackson:
Todo tipo, não apenas musicais, mas drama - eu adoro.


Adrian Grant:
Que pessoas e eventos na história mundial tiveram um papel significativo na sua própria vida e porquê?


Michael Jackson:
Eu diria John F. Kennedy porque mexeu com a minha geração, quando eu era pequeno. Eu acho que ele foi o maior presidente da América. Eu via alguns movimentos pró-direitos civis na televisão mas nunca participei pessoalmente, mas aquilo afetou todo mundo.


Adrian Grant:
Através de toda sua carreira você constantemente tem levado sua arte para um outro nível. Como você vê suas apresentações ao vivo no futuro?


Michael Jackson:
Não quero mais fazer shows ao vivo, turnês mundiais, não acho que farei mais. Quero passar o resto da minha vida fazendo álbuns e filmes. Farei algumas apresentações especiais aqui e ali. Sabe, eu tenho feito isso desde que eu tinha 5 anos, não sei se quero fazer mais - mas eu gosto de fazer. Quero criar nos próximos 100 anos, e trabalhar com filmes.


Adrian Grant:
Como você gostaria que a História mostrasse Michael Jackson?


Michael Jackson:
Acho que como uma pessoa a quem foi dada a habilidade e o talento para fazer o que eu faço, levar a consciência da paz e do amor e do sofrimento das crianças para um nível universal. Tenho criado através de música, dançae filme - acho que é essa minha missão, e sou feliz por ter sido escolhido.


Blog MJJKing


http://forevermichael.forumeiros.com/t1596-michael-jackson-no-making-history-eu-amo-o-povo-brasileiro

Nenhum comentário: