terça-feira, 17 de abril de 2012

Steve Jobs: como um Michael Jackson? [ou, como o Rei do Pop 'ajudou' a Apple em 2009]


Muito tem se falado esta semana que passou e se falará anos adentro sobre a saída de Jobs da Apple: sua visão, sua determinação, sua obsessão pelo perfeito, sua coroação e seu martirio, seu caminho final.
Sobre Jobs voce certamente leu e releu muito a respeito estes dias.
Mas talvez a sua história não seja tão estranha quanto pareça como a de nosso amado, inclusive até pelo oposto lógico entre os dois que num resumo rapido, traduz o que os fãs de Michael Jackson e Macmaniacos podem ter em comum em seus sentimentos de ontem, 2009 a hoje, 2011: medo!
No nosso caso, esse medo veio depois da passagem do King.
Do lado de lá, o medo agora assombra o planeta inteiro da tecnologia e consumo de massa: a maçã sem Jobs.




A falta hoje de um icone pop nos tempos da avassaladora tecnologia que a internet e consequentemente a assombrosa junção de informação+comunicação+diversão+relacionamento+ mobilidade propiciam fez de Michael um mito insubstituivel e de Jobs, um martir a ser se não igualado, superado, para o bem da Apple. 
Missão impossivel?
Sem quere parecer grosseiro, a maior diferença entre Jackson e Jobs são seus legados. Michael Jackson habitava o terreno da arte que, mesmo com sua passagem, atravessa os tempos como a arte de Beethoven atravessou teatros, discos de vinil, cds, arquivos mp3 e lá na frente possivelmente um outro meio de audição futuro que, aí é que pega para a maçã: será um dispositivo da Apple? Muito provavelmente [e para tristeza de todos nós] Jobs não estará mais aqui com sua varinha magica para responder a esta pergunta e até lá, tudo o que ele criara até então terá se transformado em peça de museu. O seu sonho como o de Lennon teria então morrido se Beethoven [ou Michael Jackson] não tocassem mais em um produto de sua empresa.
A experiencia tatil, visual e auditiva que tivemos um dia com nossos discos de vinil e que foi devorada pelo mp3, Jobs transferiu para o seu iPhone.
Mais uma roda re-inventada no mais alto state of art da tecnologia.
Jobs é o senhor dos sentidos.



Nada nem ninguém até agora se comparou a tudo o que Michael Jackson fez.
E assim o mundo do entretenimento continua ainda hoje muito 'estranho', cinza com sua ausencia. E a luta pela obtenção de sua coroa anda tão lerda quanto estúpida.
Melhor pra nós. Pior para a Apple: ela pode ser substituida se não se reinventar constantemente.
O verniz que só esta empresa produz nos dias de hoje pode quebrar, envelhecer tão rapido como o desespero da Microsoft em também re-inventer a sua roda para não morrer. 
A mesma questão cabe a Jobs agora? 
Que mente brilhante e iluminada [ou tocada por algum E.T.] continuará a apaixonar milhões e milhões de pessoas ao redor do planeta com a sua também Magia?
Magia!
Não, não é ilusionismo.
É Magia! 
Pura e simples Magia!
Os nossos dedos deslizam sobre a tela dos gadgets criados pela Apple como os pés de Michael flutuavam no seu moonwalk.
Em ambos os casos, os queixos caem.
Cada produto de Jobs era esperado como o próximo clipe de Jackson: excitação!
E a sede então era saciada.


Michael e Jobs não inventaram, re-inventaram a roda!

O King ao longo de sua carreira moldou-se em James Brown, nos B-boys da transição anos 70-80, em filmes de horror de gosto vintage e parcerias certeiras acompanhadas de um carisma invejavel.
Steve aproveitou-se do conceito Walkman criado pela Sony que reinava absoluto desde o final da decada de 70, primeiro em fitas K7 depois em CDs e posterioemente em MDs, a mesma Sony que hoje esforça-se ao relançar essa marca iconica agora em seus smartphones com Android. Mas ela vacilou nos anos 90 dormindo em berço explendido tentando defender a musica em forma de midias fisicas e hardware portateis não tão menos 'magicos' mas um tanto estranhos e confusos para leigos como o Video CD portátil e Minidisc, este também confundido erroneamente pela industria da musica como um vilão da pirataria com suas copias quase perfeitas de minidisco para minidisco quando, na verdade, a ideia era substituir o K7, não o CD, como o rival e malfadado formato DCC da Philips [digital compact cassete]. Só que aí já era tarde neném: Jobs venceu com sua visão para o conceito "musica digital +estilo+portabilidade = easy" para o chamado iPod lançado em outubro de 2001.."Invincible" não Jobs?!!


Mar de Rosas...
...Nem sempre foi assim.
De tras pra frente ou de frente pra tras, erros também davam as caras, problemas com a palavrinha 'familia' eram nativos e o sonho se fazia sonambulo, viral, um morto-vivo que não se apagava, não dormia!
Um foi filantropo nato, o outro avesso a cariadade explicita.
Um é odiado nos bastidores: "o demonio!". O outro, usado, solitario e infeliz por muitos anos e também um dia comparado a um anjo caido por Fred Astaire: "Ele canta como um anjo e dança como um demonio".
Para um existe os bites. Para o outro, só existia a arte.
Um caiu, se reergueu e está no 'Olimpo Cloud'.
O outro, do Olimpo Pop tombou e ao tentar se reerguer assustou esta 'nova era', a mesma moldada por Jobs com seu iPod e iTunes: "Sim, provaste que sua força continua titanica, mas seu tempo não é mais agora!".
E como vingança o seu ato final não foi o de uma Fenix redesenhada para o mundo da musica e entretenimento como uma versão 2, 4 ou 9.0 para os brinquedos 'enfeitiçados' pela maçã mas sim, um terremoto no etereo da internet em 2009 onde Jobs reina hoje mais que absoluto: queda de Google e Twitter; travamento do iTunes, mjBeats e outros fóruns mundiais; lentidão no Youtube e Facebook; crescimento estrondoso de membros e novas comunidades no Orkut relacionadas ao idolo; sites de compra de musica legal vendendo tudo do Rei do Pop; sites de leilões comprando e vendendo qualquer coisa sobre sua memorabilia; mercado de ringtones aquecidíssimo com a venda de toques de "Thriller" a "You Rock My World", numero record de SMS enviados de celulares no planeta inteiro; sites e redes de compartilhamento ilegal fervendo seus servidores e enchendo os HDs de usuarios avidos pelo que quer que fosse do cantor como audio, video, jogos e aplicativos; milhares de maquinas em casa ou no escritório sendo infectadas por virus oportunistas usando alertas para 'Michael Jackson'; hackers fazendo a festa na rede mundial, tão vulnerável para ataques por causa dos milhões de acessos simultaneos em massa, gadgets enlouquecidos por acessarem informações sobre o que o mundo se recusava então a acreditar: o Rei está morto!
E como veremos mais abaixo, este primeiro grande 'terremoto virtual' ajudou em muito a Apple e Esteve Jobs naquele ano.



Jobs hoje não está morto.
Seu sonho é que quer adormecer.
E todos sabemos que sonhos são intransferiveis.
Tim Cook, novo lider da Apple terá que buscar o seu para os proximos anos.
Esteve Jobs quer descansar.


A semelhança com Michael se faz notar ainda mais agora que ele está aparentemente muito doente e os paparazzis o flagram pra lá e pra cá auxiliado por alguém ou em cadeiras de rodas...notaram? Michael foi fotografado nestas mesmas condições varias vezes! Só que como estamos falando de Jobs, o mundo [leia-se midia] se pega agora num falso moralismo ante a divulgação destas imagens do ex todo poderoso da Apple, se elas poderiam ou não serem divulgadas em sites de tecnologia como o da Info Exame por exemplo em lugar de sites de fofoca [TMZ]. Qual o problema? O retoque de Photoshop feito pelo TMZ? Porque com Michael era um prato era cheio e com outros o 'prato' tem que ficar limpo? Ambos são seres vivos dignos de respeito. E a midia a gente sabe, não respeita ninguém, fato. Mas na verdade, essa discussão se equivale muito também: Michael Jackson, o numero 1 dos sites de fofoca na época, não só elevou esse tipo de 'jornalismo' a 1a. potencia com sua passagem noticiada pelo site de celebridades TMZ como também chancelou a 'radiografia 24 horas dos famosos em seu habitat a qualquer custo'. Por isso que a foto de Jobs no site da INFO por exemplo não é de se estranhar pois a revista trata entre outros assuntos de TI e como os acionistas da Apple e o mercado [sempre ele] querem toda e qualquer informação do ainda mais influente cerebro da tecnologia, tem direito sim de botar suas barbas de molho, mais ou menos como do mesmo modo em 2009 muitos sites de apostas e 'especialistas' no mundo do showbiz acreditavam que Michael não performaria "This Is It" por ele 'estar' doente demais para isto. A força de Michael Jackson estava provada com o recorde de vendas para os bilhetes da turne. E a diferença entre Jobs e Michael nesta situação hipotetica de desespero em algo tão tragico não previsto, é que o segundo morreu inesperadamente e o primeiro apenas se afastou para cuidar de si! A Apple pode sobreviver sem Jobs.
Eu sinceramente desejaria que o mesmo tivesse acontecido com Michael: que ele estivesse até hoje com seus filhos e em sua casa, cuidando de si e deixando as cobranças de lado. Seu legado sobreviveria [e sobrevive] muito bem sem esse 'sacrificio' [This Is It] tão penoso para suas crianças, sua familia e seus fãs.
Talvez Jobs tenha sacado isso...Ele disse chega!
Como citei lá em cima, olha que interessante materia que eu encontrei sobre o tema 'Jobs-Michael' em 2009, quando a doença do CEO da Apple e a passagem de Michael Jackson eram comparadas. O King praticamente 'ajudou' a Apple a tirar o foco do mal de Jobs e desvia-lo para nosso amado, valorizando suas ações que estavam em baixa na bolsa por causa do medo em perder o mentor maior da maçã [!!!].

Logo depois do texto tem um video bem legal sobre 'Beat It/Apple' do YouTube de 2010 :


Michael Jackson, Steve Jobs and Apple's share price
By Philip Elmer-DeWitt
June 27, 2009: 8:51 AM ET
A meu ver, a notícia na última semana de que o transplante de fígado em Steve Jobs ocorreu muito bem foi por conta própria,  fazendo de alguma forma ele aparecer no Wall Street Journal no fim de semana  após os mercados já terem fechado. Isso foi provavelmente o maior release de um produto da empresa [Apple] no ano. 
No momento em que segunda-feira soube-se que comerciantes poderiam reagir mal ao fato de o que Jobs tinha inicialmente sido diagnosticado como um desequilíbrio hormonal foi na verdade uma doença hepática, fez a Apple ser capaz de amenizar esse golpe com a notícia de que acabara de vender um milhão iPhones novos.
O estoque foi atingido em 3,9% - caindo 139,48-134,01 no espaço de dois dias. Mas até então, Jobs tinha sido visto manchado de volta no campus da Apple em Cupertino, caminhando por conta própria - sem bengala ou cadeira de rodas - e sua equipe cirúrgica havia declarado que estava "se recuperando bem" com um "excelente prognóstico."


Mas não há nada para ajudá-lo a esquecer que a doença de uma celebridade é como uma passagem maior e que quando Michael Jackson morreu na quinta-feira, todas as apostas [para seu show] estavam fora. A inundação de pesquisas sobre o nome de Jackson pouco antes de 3:00 PDT (18:00 EDT) foi tão abrupta e intensa que no começo pensei que era o Google sob ataque. 
Enquanto isso, o interesse em Steve Jobs [como medido por Google Insights, Flatlined] e a pressão sobre as ações da Apple foram elevadas. Ao que parece, as coisas mudaram para melhor.
As ações fecharam sexta-feira em 142,44, superior em 2,52 pontos do que ele abriu na segunda-feira

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